Lamentamos profundamente o resultado do PIB do terceiro trimestre, divulgado hoje. Não que nos cause surpresa; pelo contrário, o dado só confirma nossas previsões e indica que o país terá muito trabalho para reaver as perdas desse longo período recessivo.
Antes do anúncio oficial, pudemos ler nos jornais a surpresa de alguns economistas com os indicativos de forte contração da demanda das famílias. Mas essa queda não surpreende nosso setor, em absoluto. Há meses temos afirmado que a inflação de 2015, afetada principalmente pelos preços administrados, tinha pouca relação com o aumento no consumo, e que o maior efeito da elevação dos juros seria o de penalizar as famílias e obrigá-las a fazer cortes em gastos essenciais.
Os atacadistas e distribuidores, que em sua maioria atuam no mercado mercearil, vinham percebendo o movimento nefasto de corrosão do poder aquisitivo da população, não para financiar bens duráveis ou semi-duráveis, mas para manter o consumo cotidiano.
Por isso, reforçamos a parceria com a indústria e buscamos oferecer novas opções de produtos, mais em conta, capazes de atender aos consumidores nessa nova realidade. Também nos empenhamos em segurar ao máximo eventuais repasses de preço e apoiamos o pequeno varejo com embalagens promocionais, consultoria no ponto de venda e outros serviços, para melhorar seu desempenho. Essas ações permitiram ao setor recuperar parte da queda sofrida nos últimos meses e registrar, em outubro, a segunda alta consecutiva no crescimento, ainda que modesta, o que nos dá alguma esperança de encerrar o ano em melhor situação do que outros setores da economia.
Infelizmente, como nada está tão ruim que não possa piorar, os problemas que já enfrentamos devem ser agravados com um novo rebaixamento do rating do país, que pode ser mais um complicador para a recuperação de nossa economia.
Diante desse triste cenário, o mais grave é que, para a esmagadora maioria dos brasileiros, a qualidade de vida e as conquistas sociais dos últimos anos foram, a nosso ver, totalmente perdidas. Um preço altíssimo a pagar pela incompetência administrativa e política do nosso governo.
José do Egito Frota Lopes Filho
Presidente da ABAD – Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados